Reinventando a TI para o (futuro?) presente Digital.

Corrigir erros do passado não serão suficientes. As empresas resilientes precisarão de um forte desempenho da TI Digital.

Consumidores mais conectados e comprando on-line, processos transacionais automatizados, equipes focadas em atender clientes e análises sofisticadas impõem demandas sem precedentes às funções de TI nesta nova era em transformação. Muitas empresas ainda estão lutando internamente para lidar com a falta de integração e automação de seus processos e colocar suas equipes, remotamente, com foco em atender a novas demandas dos clientes neste novo mercado. No entanto, o que é realmente necessário é a reinvenção total da TI, quem for ágil neste processo pode até criar uma nova vantagem estratégica.

Sei que isto é mais fácil dizer do que fazer. Reinventar a função de TI requer mudanças culturais, mentais, de ego, de talento, de infraestrutura (sistemas, segurança e comunicação) e segundo os mais resistentes poderia levar vários anos para ser concluído. Quem pensar assim, certamente não está preparado para o…presente e não terá sucesso na carreira ligada à tecnologia da informação daqui para frente.

Felizmente, as empresas podem adotar uma abordagem que ofereça resultados mais imediatos. Essa abordagem exige primeiro a criação de uma função de não-TI para trabalhar junto com a função de TI do futuro. A não-TI irá se concentrar na plataforma que disponibilizará e concentrará o gerenciamento e o relacionamento com clientes e fornecedores pela Web. Estas plataformas deverão estar em nuvem de provedores parceiros que administrarão a infraestrutura, responsabilizando-se pela disponibilidade, expansão de ambiente e até de serviços complementares como datarewhouses e ferramentas analíticas e devem ser remunerados em conformidade com acordos de serviços estabelecidos baseado em desempenho. Isto permitirá que a empresa se mantenha e expanda, cobrindo até novas áreas e suportando a demanda do mercado. A área de TI irá trabalhar para fazer a transição para uma plataforma também para a nuvem, mas com uma arquitetura mais simples e robusta, desenhada com processos de ponta-a-ponta, com sistemas integrados através de ferramentas flexíveis para se adaptarem às mudanças sem customização ou desenvolvimento. As transformações que forem bem-sucedidas evitarão fraturas entre as ações de não-TI conduzidas pelo CEO e pelos líderes de negócios quando integradas as plataformas de infraestrutura da TI.

As funções de TI evoluirão para a digitalização

A digitalização altera as demandas de TI de três maneiras principais:

  • Primeiro, a digitalização requer tecnologia cada vez mais sofisticada, facilmente integrável e que permita rápida e extensiva extração de informação para Análises intempestivas para tomada de decisão. As ferramentas de AI irão ajudar bastante neste momento;
  • Segundo, embora a eficiência fosse anteriormente a medida de desempenho mais importante para muitas empresas, agora a regra do jogo mudou:
    • O TEMPO de disponibilidade no mercado é importante, pois quem chegar primeiro ao consumidor leva vantagem competitiva. Mas não basta ser rápido, tem que ser eficiente e eficiente agora significa:
      • Disponibilidade, qualidade e confiabilidade da informação pois no mundo on-line, ao contrário do mundo físico, não há tempo para ajustes, revisões e transações alternativas manuais.
      • A segurança é essencial porque uma presença on-line mais ampla gera novas vulnerabilidades.
  • Terceiro, o custo do processo, ou no caso da transação. Isso ocorre porque, pela dinâmica do mercado on-line, o valor em jogo é muito maior do que antes, não pode ser mais indicadores fixos ou globais como de 40% da receita, 20% dos custos e, cujo resultado, pode significar, uma demissão tática de talentos em massa ou até a própria sobrevivência do negócio.

A TI reinventada

As empresas tradicionais sempre ouviam, na literatura, no acadêmico, ou algum cara chato alertando, que os concorrentes como Amazon e eBay, tinham uma vantagem competitiva porque já nasceram digital e não tinham operações legadas e transacionais. Bom, agora, chegou o dia que você vai ter que aceitar essa verdade, de qualquer maneira. Mas vamos quebrar alguns paradigmas:

1 – Essas empresas não são de tecnologia, são de varejo;

2 – Nessas empresas a TI é uma função de suporte e liderança, pois desempenha um papel de inovação e não de suporte;

3 – Seu orçamento e investimento é maior que as empresas tradicionais, porque fazem parte do centro de resultados e não de custos ou despesas; e,

4 – Recrutam os melhores talentos, pois trabalham globalmente para a organização.

Então, teremos que reinventar a função de TI para dar uma nova razão, visão e sustentação para a área de tecnologia. Não queremos aqui dar uma “receita de bolo”, afinal , cada empresa, cada indústria está em níveis diferentes de transformação e de maturidade, mas seguem alguns elementos que recomendamos que sejam seguidos para o sucesso de sua transformação de ou reinvenção de TI para se adaptar ao novo mundo digital:

  1. Foco no negócio. A organização precisa ter muito claro que a prioridade da TI não é suporte técnico, é negócio, é resultado.
  2. Talento em TI. A reinvenção vai requer novos talentos, com novas competências, técnicas e atitudes. No entanto, uma queixa comum é queas start-ups de tecnologia estão sendo contatadas para fazer parcerias com as empresas. Isso até é verdade, mas isso não impede que profissionais talentosos criem uma proposta de valor para a organização por meio da sua start-up, tornando-se assim um parceiro da organização, podendo ser incorporado ou investido pela empresa para se tornar uma linha de produto ou unidade de negócio. Pense nisso …nova atitude (de dono).
  3. É importante que TI se torne gestora dos contratos dos parceiros na plataforma nas nuvens, que monitore, gerencie e cobre resultados através de métricas definidas nos acordos de serviços destes parceiros tecnológicos para garantir que as remunerações estejam sendo pagas correta e com justiça para garantir que o tempo, a eficiência (disponibilidade, qualidade, confiabilidade da informação, segurança) e o custo, estejam em conformidade com a demanda. Acordos de serviço permitem dimensionar a força de trabalho de maneira econômica e eficaz para fornecer rapidamente uma demanda imprevisível. Isso geralmente requer novas cláusulas ou alterações nos contratos dos fornecedores para fornecer opções sobre competências específicas por períodos adicionais sem que sejam necessários longos processos de licitação, aditivos ou alterações contratuais com fornecedores de nicho selecionados que podem fornecer habilidades mais especializadas.
  4. Desenvolvimento ágil e lançamentos rápidos. Aqui é importante lembrar que não estamos mais falando da fábricas de software e das velhas ferramentas de programação com códigos fontes que somente os desenvolvedores conhecem, estamos falando de ferramentas flexíveis e modulares, como por exemplo BPMS de última geração full web com zero code que modelam sua operação com base em seu fluxo de processo, e que quando necessário, podem ser alterados rapidamente em questão de minutos, e operam através de interfaces com formulários eletrônicos, assinaturas digitais, workflows inteligentes, alertas, indicadores, captura e leitura de documentos, integração com o ERPS através de APIs ou webservices pré-modelados, sem necessidade de customizá-los (lembra do fator TEMPO) e que muitos já apresentam robot e cognição em sua plataforma. Então, voltando, a entrega rápida de produtos finais de alta qualidade e adaptáveis à necessidade do negócio irá requerer novas formas de trabalhar, incluindo desenvolvimento ágil, ciclos rápidos de lançamento, testes e implantação automatizados e uma abordagem de “testar e aprender” nas mudanças.
  5. Arquitetura de inovação rápida suportada por serviços estáveis. O fornecimento rápido de requisitos imprevisíveis depende de uma arquitetura de TI formada por uma plataforma simples e integrada de soluções digitais.
    1. Primeiro: serviços estáveis ​​e adequados à finalidade são criados e usados ​​como blocos de construção (por exemplo, os ERPs mais modernos desenhados para full web e nuvem).
    2. Segundo: integração através de componentes inovadores que podem ser usados ​​e reutilizados nos canais da Web e móveis (por exemplo, o BPMS, APIs, Soluções especialista de star-ups).
    3. Terceiro: a plataforma padrão é mobile e full web possibilitando lançar inovações bem-sucedidas rapidamente em todos os dispositivos, mercados e marcas. Bem-vindo a Plataforma de Serviços Digitais.
  6. Infraestrutura escalável baseada em nuvem. Companheiros, o tempo do seu datacenter local já passou, e há muito tempo. Os datacenters globais estão dimensionados para atender uma crescente demanda de volume, acessos, precificados por uso e gerando informações analíticas de seus sistemas em uma plataforma segura com os melhores talentos e equipamentos de cyber segurança que o mercado pode pagar. Por que? Porque se algum deles forem invadidos, eles serão esvaziados e desaparecerão, não vão deixar que isto aconteça. Então, saia do subsolo e vá para a nuvem.
  7. Falando em Analíticos, você precisa de dados integrados de alta qualidade. Analíticos, com inteligência artificial para busca de tendências, previsões e predições, exigem dados de alta qualidade não poluídos, mantidos pelos negócios e integrados em um único conjunto de dados.

Gerenciando a Mudança

Qualquer programa para reinventar a TI precisa oferecer benefícios aos negócios rapidamente. No entanto, transformar rapidamente toda a função de TI não é uma tarefa fácil. Como recomendado no início deste ensaio, felizmente, as empresas podem adotar uma abordagem que ofereça resultados mais imediatos através da criação de uma função de “não-TI” para trabalhar junto com a função de TI do futuro. A não-TI irá se concentrar na plataforma que disponibilizará e concentrará o gerenciamento e o relacionamento com clientes e fornecedores pela Web, enquanto a TI realiza sua transição para o digital.

Mas todo processo de mudança também exige governança, pois algumas regras precisam ser seguidas para não fracionar a organização e elas começarem a seguir rumos internamente diferentes:

  • Primeiro: Deve haver um CIO único e responsável, supervisionando as duas operações envolvendo os padrões de tecnologia, pois ao final eles se integrarão;
  • Segundo: A equipe que opera os projetos para o negócio devem ser geridas por uma equipe, subordinada ao CEO, que tenha a clara visão de construir a empresa do futuro, mantendo imparcialidade quanto a resistência de valorizar seu silo departamental, os quais não devem existir numa empresa focada no cliente, e mobilizando as lideranças para apresentarem a melhor solução integrada para a operação e entrega ao cliente com processos integrados e automatizados de ponta a ponta, uma espécie de “equipe SWAT” composta por profissionais de tecnologia e técnicos experientes no processo de negócio, focados na entrega de soluções rápidas e eficientes ao negócio, o que nós chamamos de Centro de Excelência.

Outra preocupação a ser gerenciada, é que estas mudanças podem gerar uma dissonância cognitiva na equipe de TI, afinal, todos de TI dizem que estão trabalhando para a transformação digital, mas quando dão de frente com ela, podem ficar chocados ao saber que suas atuais funções não existem mais no futuro digital, e por ironia, não se preparam, então os CIOs devem iniciá-los no futuro de trabalho digital com bastante antecedência.

O mesmo acontece com os C-levels, e não há outra maneira de fazer isso: o CEO e toda a equipe executiva precisa fazer da reinvenção da TI a principal prioridade de seus processos no negócio. Os benefícios do digital e os riscos potenciais de falha tornam essencial que eles moldem e supervisionem o programa. Mais importante, os CIOs devem obter o apoio precoce dos líderes empresariais, estabelecendo um roteiro que busque o entendimento no novo modelo de captura de valor rapidamente. Se isso não ocorrer, os líderes empresariais poderão rejeitar o processo de mudança, tornando-se resistentes, quando perceberem o inevitável, pode ser tarde para eles ou para a organização.

por Carlos Magalhães – Xcellence & Co.
carlos.magalhaes@xcellence.com.br